Para Lula, ex-ministro nem sequer é candidato. “É tão ridículo que quero que ele se exponha mais, que dê mais entrevistas para se desnudar”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (15) não considerar o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) candidato à Presidência da República. O papel de Moro em entrevistas “é tão ridículo que quero que ele se exponha mais, que ele tenha mais tempo de televisão, que dê mais entrevistas em rádio e que se coloque na frente da imprensa para se desnudar”, afirmou Lula, em entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba.
O ex-presidente comentava a análise do pré-candidato petista ao governo da Bahia, o senador e ex-ministro Jaques Wagner. A O Globo, Wagner apontou Sergio Moro como um adversário “mais fácil de ser batido” por Lula em um eventual segundo turno. O ex-presidente observou, contudo, não ter poder de escolha e que vai “disputar as eleições com tantos quantos sejam candidatos”.
“Eu sou um homem muito tranquilo, porque sei o que fiz nesse país e o que tenho que fazer. Mas ele (Moro) não sabe o que fez e o que fazer. A impressão que eu tenho cada vez que o Moro fala é que ele sabe cada vez menos das coisas deste país. Porque ele foi uma invenção, um boneco de barro criado por setores da mídia brasileira que está desmoronando, se esfacelando. Então, eu não sei onde ele vai parar”, ressaltou Lula.
Chapa Lula-Alckmin
Apesar de se colocar no pleito, o líder em intenções de voto e com favoritismo consolidado, segundo pesquisas eleitorais, argumentou que ainda falta definir-se como candidato. E reiterou que não sabe se sua chapa será composta pelo ex-governador paulista Geraldo Alckmin.
“Se o Alckmin como meu vice me ajudar a governar, não vejo nenhum problema de ele ser meu vice. As divergências ficarão de lado, porque o desafio, mais que ganhar, é consertar o Brasil”, disse. Durante a entrevista, o ex-presidente também foi questionado sobre a aproximação do PT com partidos que, em 2016, apoiaram o impeachment da então presidenta Dilma Rousseff. Sobre alianças com PSB, de Carlos Siqueira, e conversas com PSD, de Gilberto Kassab, Lula justificou que ficaria “paralisado” diante da política se esse fosse o único critério. “Porque 90% da classe política votou no impeachment.”
“Se eu tiver que conversar com essas pessoas, vou conversar. Porque eu preciso pensar no Brasil a partir de 2023 e não o Brasil de 2014, 2015, 2010 ou 2011. […] Tenho que conversar com quem foi eleito, se você não gosta de conversar com os contrários melhor então você não ser político”, rebateu o petista.
Críticas a Bolsonaro
O ex-presidente também falou sobre “recuperar o país” e voltou a criticar a reforma trabalhista, aprovada em 2017, durante o governo Michel Temer (MDB). Ao defender que é preciso rever pontos da legislação, Lula destacou que o objetivo de um eventual governo do PT é “repor os direitos dos trabalhadores brasileiros”. Ele também criticou a gestão de Jair Bolsonaro no Planalto e destacou que o Brasil “não pode ser o país das armas, mas o país da felicidade, dos livros, do amor”. Segundo o petista, é preciso “recuperar a credibilidade internacional do Brasil”.
Lula também afirmou desconhecer o que Bolsonaro “foi fazer” em visita oficial ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. E afirmou que os brasileiros estão desinformados sobre os temas em discussão e as supostas vantagens dessa viagem para o Brasil. O que, segundo analistas internacionais, seria uma tentativa de Bolsonaro, em ano eleitoral, com baixa popularidade e carente de aliados no mundo, tentar “vender” o episódio como reconhecimento de sua liderança.
O petista ainda comentou sobre a tentativa de campanha do atual chefe do Executivo de explorar acusações contra ele já tornadas nulas pela Justiça. E ironizou: “O atual presidente esconde as coisas que faz. Até agora o (Fabrício) Queiroz não foi julgado, a rachadinha do filho dele não foi apurada, assim como os os desmandos da família Bolsonaro”.